quinta-feira, 24 de março de 2016

Cerveja de quê?

Coluna Happy Hour publicada por Ronaldo Morado na Revista Roteiro em 15/01/2015


“Isso é cereal, com o qual qualquer idiota pode fazer pão; mas Deus quis uma forma mais divina de consumo. Vamos louvá-lo e glorificá-lo pela cerveja”.
Frei Tuck, personagem da história ficcional de Robin Hood.

Todos sabem que cerveja é uma bebida alcoólica fermentada a partir de cereais. Mas poucos conhecem algumas detalhes e curiosidades interessantes.

Antes de mais nada, vamos esclarecer. Entre as bebidas alcoólicas fermentadas, temos o hidromel feito a partir do mel, a cidra produzida de maçã ou pera, o vinho a partir da uva, o saquê a partir do arroz e a chicha (bebida ancestral de povos indígenas dos Andes) feita de milho.

Apesar de ser uma bebida alcoólica fermentada a partir de cevada, obrigatoriamente, a cerveja pode ter em sua receita outros cereais (trigo, arroz, aveia, milho etc). Mas surge uma dúvida: para fabricar álcool, precisamos de açúcar. De onde vem o açúcar para fazer cerveja, já que os grãos de cereal são ricos em amido e não contêm açúcar?

Precisamos do cereal maltado (adocicado). O homem primitivo (10.000 a.C.) descobriu, por acaso, que deixar os ramos de cereal de molho em água faz com que eles germinem. Ao germinarem, os grãos secos se umidificam e quebram as moléculas de amido, transformando-as em... açúcar. A esses grãos modificados e doces chamamos atualmente de malte.

Pronto! Já temos o ingrediente básico para fazer álcool – oops... para fazer cerveja. Agora vamos às formalidades. Quando a receita usa apenas malte de cevada, a cerveja é chamada de puro malte. Quando a receita usa outros cereais, além da cevada, e em quantidades superiores a ela, deve ser chamada de cerveja do cereal dominante. Exemplo: 49% de cevada e 51% de aveia = cerveja de aveia. O mesmo principio se aplica a cervejas de trigo etc. Mas importante: a bebida deve ter, no minimo, 50% de malte de cevada para ser rotulada de cerveja.

Existem muitas variações sobre o tema. Desde o uso de outros cereais, alguns não maltados, e de ingredientes transgênicos até o acréscimo de adjuntos cervejeiros (frutas, corantes, outros açúcares etc). Sobre isso seriam necessárias várias páginas de esclarecimento. Para essas questões, cada país possui regulações próprias.

Para finalizar, uma curiosidade: você sabia que o uísque é produzido a partir de uma cerveja? Sim. Pronta a cerveja básica, sem acrécimo de lúpulo ou adjuntos, ela é destilada. Se isso for feito a partir de uma cerveja puro malte, teremos um uísque puro malte. Simples? Nem sempre. Como no caso da cerveja, existem incontáveis variações sobre o tema, que exigiriam muitas páginas desta revista.

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