quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Craft Beer - A Hopumentary

O filme "Craft Beer - A Hopumentary" mostra resumidamente a cultura das cervejas artesanais nos Estados Unidos e o seu desenvolvimento com o passar dos anos. O movimento, iniciado nos anos 80, tomou proporções gigantescas e agora já pode ser considerado global. Pessoas que participaram desse movimento, como Ron Lindenbusch (The Lagunitas Brewing Company), assim como homebrewers, donos de pubs e consumidores, falam sobre a as vantagens e experiências de se ter várias cervejas de ótima qualidade ao alcance. Veja o documentário (créditos para o usuário do youtube Jeremy Williams):

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Cerveja cara

Coluna Happy Hour publicada por Ronaldo Morado na Revista Roteiro em 15/12/2015

“Não deixem faltar cerveja boa e barata a meu povo e evitaremos revoluções.”
Rainha Vitória (Reino Unido 1819-1901)

Ultimamente temos falado e ouvido falar do “boom” das cervejas especiais no Brasil, mas o assunto tem vindo acompanhado da questão preço. E muitas pessoas tem me questionado a esse respeito e me solicitado para abordar o tema.

Em primeiro lugar, vamos analisar alguns fatores que influenciam o custo do produto. Das matérias primas envolvidas, apenas o lúpulo é importado. Mas o malte de cevada, mesmo o de produção nacional, acompanha a cotação internacional. Ou seja, a variação do cambio afeta o custo direto da cerveja.

Os outros custos industriais, assim como os custos indiretos, são rateados pelo volume total da cerveja produzida. Quer dizer, quanto maior o volume de produção, menor é o custo agregado a cada litro. Em outras palavras, se produzo pouco volume o custo que recai sobre cada litro é maior.

Só essa questão (de custos) já explica porque uma cerveja produzida por pequena cervejaria é mais cara que outra produzida por grande cervejaria. A segunda parte da explicação tem a ver com ingredientes. As receitas das chamadas cervejas “especiais” (em geral as que não são Pilsen) contém outros ingredientes, além de malte e lúpulo, como temperos, frutas, chocolate, etc... Aumentando o custo unitário ainda mais.

E, finalmente, temos a crueldade tributária brasileira.

Por um critério polêmico, a tributação sobre bebidas no Brasil parte do principio de que toda a cadeia produtiva, distributiva, comercializadora e consumidora de bebidas é sonegadora. Sendo assim o fabricante deve recolher os impostos de toda essa complexa rede de empresas. Ou seja, os impostos pagos pela cervejaria são calculados sobre o valor de venda da bebida no ultimo ponto da corrente: o consumidor. Desse raciocínio perverso, resulta que cerca de 70% do preço de venda da cerveja na porta da fábrica são impostos, recolhidos na fonte.

Dessa forma a cerveja “especial”, que é o nicho de mercado dos pequenos fabricantes, chega ao consumidor com um valor três vezes maior do que poderia chegar. E, aproveito para esclarecer: o parâmetro não é a qualidade, já que todos os fabricantes, pequenos ou grandes, cuidam da qualidade de seus produtos indiscutivelmente.

As diferenças são como presunto comum x Parma; uísque comum x uísque 12 anos; espumante comum x Veuve Clicquot; etc.

Como em ultima instância o que se apresenta ao consumidor é a experiência sensorial, ficam postas as questões fundamentais: o beneficio/custo compensa? O valor agregado em uma cerveja “especial” vale a pena o preço adicional? Estou disposto a pagá-lo? Espero ter ajudado na compreensão das diferenças “especiais”.

Saúde.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Cerveja para o Natal


As cervejas da categoria Christmas Ale são produzidas para serem consumidas durante a época do Natal, que cai no inverno na maioria dos países com tradição cervejeira. Portanto, é uma cerveja tradicionalmente mais forte e mais encorpada para encarar o frio (no Reino Unido é conhecida como "Winter warmer"). Muitas vezes são feitas com ingredientes pouco usuais, como baunilha, canela e cravo-da-índia.

O colunista americano Don Russell escreveu um artigo para o site Crafbeer.com onde ele explica um pouco da história sobre esse tipo de cerveja e elege 12 produtos dessa categoria que merecem ser degustados. Veja abaixo alguns:
  • Our Special Ale | Anchor Brewing | San Francisco, CA
  • Mad Elf | Tröegs Brewing Co. | Hershey, PA
  • Celebration | Sierra Nevada Brewing Co. | Chico, CA
  • Santa’s Little Helper | Port Brewing Co. | San Marcos, CA
  • Santa’s Private Reserve | Rogue Ales | Newport, OR
  • Winter Solstice | Anderson Valley Brewing Co. | Boonville, CA

Então, nada melhor que celebrar o Natal com uma cerveja especial e apropriada para a data.

Saúde!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

The Beer Hunter - Episódio 6: O Melhor da Grã-Bretanha

Michael Jackson (1942-2007), também conhecido como beer hunter, foi um jornalista inglês que escreveu diversos livros sobre cerveja e uísque. É considerado como um dos mais influentes estudiosos nessas áreas, sendo o primeiro a usar os termos "fermentação alta" para cervejas do tipo ale e "fermentação baixa" para as cervejas do tipo lager. Na década de 80, ele gravou um programa para o canal Discovery chamado "The Beer Hunter", onde visitava lugares com muita tradição na produção de cervejas e mostrava todo o processo e as tradições locais para o consumo de cervejas.

Veja aqui o sexto e último episódio, intitulado "O Melhor da Grã-Bretanha", quando Jackson retorna ao seu país de origem para mostrar a tradição britânica de produção de cervejas tipo ale (créditos para o usuário do Youtube Paulo Dalla Santa):

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

The Beer Hunter - Episódio 5: Peregrinação à Califórnia

Michael Jackson (1942-2007), também conhecido como beer hunter, foi um jornalista inglês que escreveu diversos livros sobre cerveja e uísque. É considerado como um dos mais influentes estudiosos nessas áreas, sendo o primeiro a usar os termos "fermentação alta" para cervejas do tipo ale e "fermentação baixa" para as cervejas do tipo lager. Na década de 80, ele gravou um programa para o canal Discovery chamado "The Beer Hunter", onde visitava lugares com muita tradição na produção de cervejas e mostrava todo o processo e as tradições locais para o consumo de cervejas.

Veja aqui o quinto episódio, intitulado "Peregrinação à Califórnia" (créditos para o usuário do Youtube Paulo Dalla Santa):

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

The Beer Hunter - Episódio 4: A Cerveja Nossa de Cada Dia

Michael Jackson (1942-2007), também conhecido como beer hunter, foi um jornalista inglês que escreveu diversos livros sobre cerveja e uísque. É considerado como um dos mais influentes estudiosos nessas áreas, sendo o primeiro a usar os termos "fermentação alta" para cervejas do tipo ale e "fermentação baixa" para as cervejas do tipo lager. Na década de 80, ele gravou um programa para o canal Discovery chamado "The Beer Hunter", onde visitava lugares com muita tradição na produção de cervejas e mostrava todo o processo e as tradições locais para o consumo de cervejas.

Veja aqui o quarto episódio, intitulado "A Cerveja Nossa de Cada Dia", sobre as famosas cervejas feitas nos monastérios (créditos para o usuário do Youtube Paulo Dalla Santa):

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

The Beer Hunter - Episódio 3: Conexão Boêmia

Michael Jackson (1942-2007), também conhecido como beer hunter, foi um jornalista inglês que escreveu diversos livros sobre cerveja e uísque. É considerado como um dos mais influentes estudiosos nessas áreas, sendo o primeiro a usar os termos "fermentação alta" para cervejas do tipo ale e "fermentação baixa" para as cervejas do tipo lager. Na década de 80, ele gravou um programa para o canal Discovery chamado "The Beer Hunter", onde visitava lugares com muita tradição na produção de cervejas e mostrava todo o processo e as tradições locais para o consumo de cervejas.

Veja aqui o terceiro episódio, intitulado "Conexão Boêmia" (créditos para o usuário do Youtube Paulo Dalla Santa):

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

The Beer Hunter - Episódio 2: O Quinto Elemento

Michael Jackson (1942-2007), também conhecido como beer hunter, foi um jornalista inglês que escreveu diversos livros sobre cerveja e uísque. É considerado como um dos mais influentes estudiosos nessas áreas, sendo o primeiro a usar os termos "fermentação alta" para cervejas do tipo ale e "fermentação baixa" para as cervejas do tipo lager. Na década de 80, ele gravou um programa para o canal Discovery chamado "The Beer Hunter", onde visitava lugares com muita tradição na produção de cervejas e mostrava todo o processo e as tradições locais para o consumo de cervejas.

Veja aqui o segundo episódio, intitulado "O Quinto Elemento" (créditos para o usuário do Youtube Paulo Dalla Santa):

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

The Beer Hunter - Episódio 1: Os Borgonhas da Bélgica

Michael Jackson (1942-2007), também conhecido como beer hunter, foi um jornalista inglês que escreveu diversos livros sobre cerveja e uísque. É considerado como um dos mais influentes estudiosos nessas áreas, sendo o primeiro a usar os termos "fermentação alta" para cervejas do tipo ale e "fermentação baixa" para as cervejas do tipo lager. Na década de 80, ele gravou um programa para o canal Discovery chamado "The Beer Hunter", onde visitava lugares com muita tradição na produção de cervejas e mostrava todo o processo e as tradições locais para o consumo de cervejas.

Veja aqui o primeiro episódio, intitulado "Os Borgonhas da Bélgica" (créditos para o usuário do Youtube Paulo Dalla Santa):


segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Cerveja especial?

Coluna Happy Hour publicada por Ronaldo Morado na Revista Roteiro em 15/11/2015


Inicio hoje minha participação nesta revista para falar do melhor dos assuntos: cerveja, essa bebida milenar essencialmente ligada à confraternização, celebração e alegria.

Nós, brasileiros que tanto nos orgulhamos de sermos um país tropical, não sabemos que, apesar de grandes fabricantes e consumidores (3º no mundo), somos bebedores modestos de cerveja (27º no mundo). Venezuelanos bebem mais cerveja per capita do que brasileiros. Essa situação é consequência do pouco conhecimento que temos sobre essa maravilhosa bebida.

Por exemplo: Poucos sabem que existem mais de 80 estilos de cerveja, dos quais a maioria é milenar. Exemplifico: Bock, Pale Ale, Stout, Porter etc. Desde os primórdios da história da bebida no Brasil – Século XIX – vivemos uma verdadeira ditadura de um único estilo de cerveja: a Pilsen. Muito embora seja, hoje em dia, o estilo mais popular no mundo, é muito jovem, pois surgiu apenas em 1842, numa pequena cidade da atual República Checa.

Essa ditadura centenária da Pilsen no Brasil provocou sequelas. O desconhecimento do brasileiro é tal que passou a classificar de “cerveja especial” todas aquelas cujo estilo não seja Pilsen. Para complicar ainda mais a cabeça das vítimas dessa ditadura, surgiram alguns conceitos que mais confundem do que ajudam: algumas cervejas são ditas “artesanais”, outras chamadas de “gourmet” e algumas até são classificadas de “premium”.

Estimuladas por essa oportunidade de diferenciação, muitas cervejarias utilizam essas palavras principalmente como estratégia de marketing, numa tentativa de se destacar no mar da mesmice no qual o mercado brasileiro se transformou.

Esclarecendo:

Artesanal – palavra aplicada à cervejaria e menos à cerveja, indicando que ela se orienta pelos conceitos americanos de “Craft Brewery”, ou seja, não pertence a um grande grupo econômico;

Gourmet – indica que aquela cerveja foi elaborada com intenções de harmonizações culinárias, própria para degustação, com qualidades sensoriais específicas;

Premium – qualificação dada pela própria cervejaria a um ou mais de seus produtos para diferenciá-los por melhor qualidade de ingredientes ou embalagem.

Nomenclaturas, classificações e glamourizações à parte, muito dessa “onda” é mérito do movimento das microcervejarias que está apresentando a cultura cervejeira ao brasileiro. Às vezes referido como “revolução cervejeira”, esse movimento tem muito de inovação e bastante de guerrilha.

Daí concluímos que o senso comum identificou que as chamadas “cervejas especiais” são, em geral, todas aquelas cervejas que não pertencem ao estilo Pilsen brasileiro (loira comum) e preferencialmente não sejam produzidas por uma grande cervejaria.

Mas ainda restam algumas questões. Essas cervejas “diferentes” são fortes ? Nem sempre. Entre as nomeadas “especiais” são ofertadas variações em sabor, aroma e teor alcoólico para todos os gostos. Afinal, quase uma centena de estilos, associados à enorme variedade de receitas, tornam infinitas as possibilidades.

Essas cervejas são caras? Nem sempre. Mas há de se ter em conta que a referência de preço não pode ser a cerveja popular produzida em alta escala e vendida no atacado. Há importantes considerações de custo de produção e de qualidade a serem feitas. É preciso ponderar essa questão baseado em uma situação similar como a da escolha entre um vinho de garrafão popular versus um Cabernet Sauvignon de média qualidade. É nesse cenário que a análise comparativa deve ser feita. Mas a conclusão é individual.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Em busca do melhor gole

Reportagem do Jornal O Tempo, por Lygia Calil em 08/05/15 - Link


Autor de “Larousse da Cerveja”, Ronaldo Morado prepara nova edição do guia que conquistou o Brasil


Figura conhecida no meio cervejeiro, o consultor Ronaldo Morado foi apontado como um dos maiores especialistas no assunto no país depois de publicar o livro “Larousse da Cerveja”, em 2009. Pode nem parecer tanto tempo assim, mas de lá para cá, na avaliação dele, muita coisa mudou.

Agora, ele promete voltar à cena com dois lançamentos: já está com a esperada segunda edição do “Larousse” finalizada e ainda quer publicar outro título (claro, sobre cerveja, mas em um formato diferente) até o fim do ano. Até agora, os números do “Larousse” impressionam no mirrado mercado literário brasileiro: já são seis reimpressões do guia, com tiragem de 25 mil exemplares em cada uma delas.

Como antes de enveredar pelo mundo cervejeiro, hoje Morado atua como consultor para empresas de alta tecnologia. Mas segue procurando, mundo afora, os melhores goles das melhores cervejas. O “Larousse” foi o resultado dessa paixão de décadas e a primeira obra nacional a caminhar pelo tema.

A abertura do nicho das cervejas especiais, para ele, está inserida em um cenário mais amplo, da sofisticação do padrão de consumo geral – uma mudança que começou há pelo menos 30 anos. “Em várias áreas da vida, seja na roupa, no carro, no design das coisas, até nos restaurantes e bebidas que escolhem, as pessoas têm procurado algo a mais. Não basta mais ser bom, tem que ter um apelo diferente”, diz Morado. Com as cervejas foi assim: “hoje, o consumidor não aceita apenas o que é oferecido, porque ele conhece mais, sabe mais”, completa.

Na avaliação de Morado, tudo aconteceu porque os jovens passaram a se interessar pelo consumo e produção de cervejas fora do estilo dominante no mercado, a pilsen. E Minas Gerais teve um papel importante nisso. “Belo Horizonte soube construir um pólo de micro-cervejarias como nenhuma outra região no Brasil. As fábricas estão próximas, o que concentrou o movimento e o tornou mais intenso”, comenta ele.

A ousadia dos fabricantes mineiros também foi decisiva nesse processo, intensificado a partir de 2005. “Enquanto Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo se voltaram à produção mais tradicional de cervejas, Minas buscou a inovação. Foi pioneiro e ditou tendência”, avalia o cervejólogo. Para ele, o mestre-cervejeiro da Falk Bier, Marco Falcone, atuou como líder e catalisador nesse processo de união das micro-cervejarias.

Embora não esconda uma ponta de orgulho ao falar sobre o mercado mineiro, Morado diz que ainda há muito a evoluir. “A cena está bem mais madura do que há dez anos, mas a produção de todas as micro somadas não chega a 0,5% do mercado. Existe uma disparidade muito grande com as gigantes do setor”, afirma.

Enquanto parte do mercado avaliou a compra da Wäls como um sinal de que (finalmente) uma indústria do porte da AmBev estaria cedendo à tendência das cervejas especiais, Morado tem uma opinião contrária.

“O que a AmBev comprou foi o mestre-cervejeiro da Wäls, José Felipe Pedras Carneiro, que é um talento. Um profissional desse porte, com dom e conhecimento, não se encontra à disposição no mercado e não se forma do dia para a noite. O mercado de cervejas especiais não ameaça em nível algum a AmBev, mas um verdadeiro talento jovem pode fazer muito bem à empresa. Isso é ouro puro para eles”, pontua.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

A onda das cervejas mais que especiais

Artigo publicado no Água na Boca, por Ronaldo Morado, fotos por R. Ribeiro



Durante quase toda sua história a humanidade se reuniu preferencialmente em três ambientes: as academias, as igrejas e os bares. No Brasil, especificamente, o boteco ou botequim se tornou uma instituição popular em todas as camadas sociais, presente em todas as cidades – independente de sua dimensão – e de caráter democrático, por ser um local de confraternização e lazer.

De formatos e configurações diferentes – boteco, choperia, pub, bar-empório – os bares se tornaram pontos de convergência das pessoas cujos principais objetivos são relaxar, encontrar, conversar, paquerar, conspirar, enfim, socializar sem maiores compromissos.

Como personagem central do típico bar brasileiro, a cerveja tem uma relação direta com a descontração do local, seja nas choperias de fluxo contínuo de tulipas “bem servidas”, seja nos tradicionais botequins de garrafas super geladas.

Nos últimos dez anos, uma verdadeira revolução cervejeira está transformando a cena dos bares brasileiros, modificando a oferta de produtos e refinando costumes e comportamentos. Esse movimento, iniciado nos Estados Unidos há mais de 30 anos, contaminou o Brasil e provocou uma onda de empreendedorismo em toda a cadeia fornecedora, desde os cervejeiros caseiros, passando pelas microcervejarias e chegando à mesa dos bares e do consumidor.

Em Brasília temos assistido ao nascimento de vários locais com oferta das chamadas “cervejas especiais”, que trazem não só produtos diferenciados como também uma nova proposta de ambiente, com bastante juventude, clima alternativo e inovador. Geralmente afastada das grandes cervejarias, a nova geração de bares aposta na enorme diversidade de produtos e estilos de cerveja, em geral desconhecidos dos brasileiros.

Acostumados a mais de um século de “ditadura” das cervejas do estilo Pilsen, os brasileiros têm se surpreendido com a enorme variedade de estilos – são mais de 100. A surpresa com essa “novidade” é tanta que, aqui, apelidou-se de “cerveja especial” tudo o que não é a loira tradicional.

Outras capitais brasileiras, como Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, receberam as primeiras ondas dessa tendência de bares e empórios cervejeiros especializados já na década de 1990, com lenta expansão até recentemente, quando um verdadeiro tsunami invadiu as esquinas e calçadas.

Brasília oferece hoje boas opções de bares e empórios com esse espírito cervejeiro. Alguns nasceram como empório, outros como bares, mas todos têm em comum o perfil da comunidade cervejeira: alegria de compartilhar informações sobre cada garrafa, cada estilo, cada cerveja, enquanto se contam boas estórias.

O Santuário, da 214 Sul, que se intitula “casa de cerveja”, é iniciativa de três amigos apaixonados por cerveja: Marcius Fabiani, Daniel Amaro e Rodrigo Baquero. Fundada em junho de 2014, possui 12 torneiras de chope, sempre servindo estilos diferentes em um ambiente descontraído com o melhor do rock alternativo. Além dos chopes, há uma excelente variedade de cervejas que podem ser acompanhadas por empanadas, goulash e até brownies feitos à base de cerveja.

Torneiras de chope do Santuário, onde é possível encontrar até brownies à base de cerveja


O Malbec Beer iniciou suas atividades em março de 2013, no térreo do Hotel Saint Moritz, como hobby de dois irmãos que vieram do Ceará há 18 anos. À frente do negócio, Lindenberg Aquino se surpreendeu com o sucesso do bar, frequentado por maioria de não residentes na cidade. Localizado no Setor Hoteleiro Norte, oferece uma ampla variedade de cervejas que podem ser acompanhadas pelas linguiças e salsichas Berna com pão francês e mostarda, de acordo com o padrão suíço.

Antes um hobby, hoje um bar de sucesso pilotado por Lindenberg Aquino, o Malbec,
do Hotel Saint Moritz, é frequentado principalmente por não residentes em Brasília


O Grote Bier começou como um empório na Asa Norte, em 2010, e agora está também no Setor Noroeste com uma loja que é um misto de bar e empório. Paula Figueiredo, gaúcha de Pelotas, é uma empreendedora nata e acredita no potencial da cidade para esse tipo de cerveja. Com bastante oferta de cervejas e dois bicos de chope, é muito procurado também pelo eisbein e petiscos de filé.

Paula Figueiredo, gaúcha de Pelotas, é quem comanda o Grote Bier, que começou
na Asa Norte, em 2010, e acaba de abrir um misto de empório e bar no Setor Noroeste


Acompanhando a tendência dos food trucks, Brasília foi uma das primeiras cidades a ter uma Kombi cigana, oferecendo excelentes opções de chope. A iniciativa de três amigos – Eduardo Golin, Heitor Heffner e Marcel Castelo Branco – colocou na rua, em junho de 2014, a Corina Cervejas Artesanais, agora com sete bicos de chope. De terça-feira a domingo, toda semana, o bar ambulante estaciona em locais anunciados pelo Facebook, onde é seguido por uma numerosa legião de fãs.

O Pinella, da 408 Norte, é um gastropub (bar/restaurante) com boas opções de cerveja para acompanhar um cardápio de petiscos com nomes femininos: Flávia, Gláucia, Fernanda, Marta, etc... A casa oferece uma programação diária de boa música (do jazz à MPB). As proprietárias, Flávia Attuch e Marta Liuzzi, comandam o local desde 2011 e capricharam na carta de cervejas especiais.

Aberto em março de 2014 na 413 Norte, na mesma linha de gastropub, o Victrola oferece ótimas cervejas e um cardápio bem variado. O local é famoso pela boa música a partir de LPs, ou seja, os tradicionais “bolachões”. Para harmonizar com as várias opções de cervejas, o cliente tem acesso a uma discoteca diversificada e, em alguns casos, a exemplares raros de discos. Seus proprietários, Cristian e Alan, são orgulhosos de sua proposta de harmonização de cerveja, comida e música.

O casal Antonio Jorge e Luciana apostou no segmento cervejeiro em 2008 e já possui duas lojas do Empório Soares & Souza, uma na Asa Sul e outra na Asa Norte, com uma terceira a inaugurar em breve no Lago Sul. Misto de empório e bar cervejeiro, suas casas possuem mais de 400 rótulos e promovem eventos sobre a cultura cervejeira, tais como palestras, degustações, cursos, etc. O cardápio de petiscos é variado, destacando-se o combinado de coxinhas, salsichas e bruschettas com fatias de pão caseiro.

O Pivo abriu as portas no final de 2014, na 406 Sul, com a ideia de ser um empório de cervejas, mas se rendeu à demanda dos clientes por espaço para degustação dos mais de 300 rótulos. Os proprietários, Fábio Coelho e Gustavo Sanches, estão sempre presentes e garantem a hospitalidade e qualidade dos petiscos liderados pelas bruschettas e empanadas argentinas.



O Mestre-Cervejeiro é um empório localizado na quadra 301 do Sudoeste. A família Gomes – Fernanda, Amanda e Marcos – está sempre na loja, desde fevereiro deste ano, orientando os clientes na escolha da cerveja mais adequada, entre os 200 rótulos à disposição. Os acompanhamentos ficam por conta da La Creperie e do Brazilian American Burguer, vizinhos e parceiros.

O mais jovem ponto cervejeiro de Brasília é o Aleatório, na 408 Norte, aberto no mês passado. A proposta dos sócios Allan Alves, Felipe Lucena e Juliana Neto é que o local seja um espaço de convergência cultural-etílico-gastronômico. O conceito é inovador e tenta unir os ambientes de bar e de galeria, para atrair as pessoas desligadas e as ligadas em música, cerveja e artes em geral. O alternativo está presente no cardápio, na decoração, no espírito colaborativo de seus frequentadores.

O Beer Selection é uma referência em se tratando de cervejas belgas, mas não se restringe a elas. Ali pode-se degustar também marcas inglesas, americanas e alemãs. O Jacques garante um atendimento vip para uma happy hour em local pouco provável, o Complexo Brasil 21. Com algumas torneiras de chope, sempre conta com ótimas opções estrangeiras e nacionais.

Os sócios André Ricardo e Dercino iniciaram as operações do Camberra, na quadra 100 do Sudoeste, em dezembro de 2014, com muitas opções no portfólio. Como empório de cervejas e sem instalações para cozinha, também contam com uma parceria com o bar vizinho, o Espaço Sudoeste.

Um típico pub irlandês tem sempre um palco para música ao vivo, decoração rústica e uma boa oferta de cervejas, entre elas a obrigatória Guinness. É assim o O’Rilley Irish Pub, da 409 Sul, que desde 2005 é a referência brasiliense em shows de bandas cover e rock em geral. Em três andares, com ambientes aconchegantes, é possível se sentir na Irlanda com a mesma atmosfera íntima e selvagem regada a excelentes cervejas.

Milhares de cervejeiros comparecerem ao Espaço Arena do Estádio
Mané Garrincha, no início de setembro, para participar do Bierfest,
maior festival de cerveja do Centro-Oeste.


Num ambiente bastante intimista, o Bar Godofredo é um dos mais antigos de Brasília a apostar nas cervejas especiais. Seu proprietário, Aylton Tristão, já está com dois bares – o tradicional, na 408 Norte, de ambiente retrô, e o mais recente, chamado de Boutique do Godofredo, mais moderno, na Avenida das Araucárias, em Águas Claras. Ambos com bastante variedade de cervejas e petiscos.

O Mr. Beer é uma boa opção para quem transita pelo Brasília Shopping. Apesar de não ser um bar, possui uma ótima carta de cervejas especiais, incluindo alguns rótulos exclusivos. No balcão é possível degustar uma cerveja com alguns salgadinhos.

Ou seja, Brasília não é mais uma principiante no mundo das cervejas especiais.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Ranking das microcervejarias no mundo

por Ronaldo Morado


No Brasil, o conceito de craft brewery (cervejaria artesanal) ainda é pouco entendido e, por essa razão, se tornou controverso. Isso porque o termo “Craft Brewery”, criado nos Estados Unidos, nunca foi bem convertido para a nossa situação no Brasil. Seja por conta da tradução (“craft” não é exatamente “artesanato”), seja por conta da dificuldade de consenso sobre os parâmetros de classificação de uma cervejaria artesanal no caso brasileiro.

Entretanto, por aqui, proliferam as cervejarias que se autodenominam artesanais seja porque se consideram pequenas, ou apenas porque se acham diferentes por algum outro critério (puro malte, qualidade, regionalidade, tradição...).

Para o beneficio de todos, principalmente do segmento cervejeiro, seria importante chegarmos a um amplo entendimento sobre o critério a ser empregado nessa categorização e fazermos grande divulgação. Além de ajudar na defesa de reivindicações junto a qualquer órgão regulador ou arrecadador, evitaríamos a confusão que tem provocado na cabeça dos consumidores.

Segundo o Portal Statista, o Brasil é o 9º país com maior numero de “craft breweries” (conceito americano). Veja o quadro:

Ranking dos países com mais microcervejarias (conceito craft breweries)
País
Craft Breweries
Estados Unidos
4.000
Reino Unido
723
França
654
Itália
600
Rússia
561
Canada
483
Suíça
396
Alemanha
307
Brasil
217
Japão
200
Fonte: Statista - Alltech

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Introdução


Resolvi abrir esse canal para interagir com os amigos e, em especial, com os interessados na cerveja por um viés de negócio.

Escreverei, preferencialmente, sobre assuntos relacionados ao ambiente cervejeiro nacional e internacional, privilegiando os temas voltados ao mercado, estratégias, gestão, operação, cenários e tendências, mas, sem deixar de lado as informações históricas e curiosidades da cultura cervejeira.

Espero ajudar a disseminar boa informação, suscitar alguns debates e ajudar a desenvolver a cena cervejeira no Brasil. Conto com a participação de todos, me enviando comentários e boas criticas.


Abraços,

Ronaldo Morado